Arte Thais Costa: Colagem Digital.
Senti a luz, mesmo de olhos fechados. Quando abri, havia uma revoada sobre minha cabeça. O pássaro da frente cantava incentivando seu grupo a continuar, era um voo longo e eles precisam determinação para seguir.
O céu estava um azul claro como o oceano, ainda não conheço o mar, mas deve ser assim. Parecia aquarelado, o que me fez lembrar que meu ninho perdeu a rafia que me protegia durante o vento da noite.
Por sorte a cobertura se avoou, conheci algo que pode ser que sejam meus parentes, senti que seus nomes eram borboleta e libélula. Bem, não sei, acho que sim, de qualquer forma eles tem asas e voam.
Sempre vi as árvores à minha frente verde, fortes, imponentes. E flores que ora se despetalam, ora se orvalham, e ora me enche de um cheiro afetuoso, me visitam a cada estação, trazendo me à porta amigos tão coloridos, que cantam, dançam e bebem do seu néctar.
Eles sempre me olham curiosos, como se eu não fosse um deles. As vezes penso que tem pena de mim.
Sei que minha asa ainda vai crescer. Que vou poder ver o mundo do alto, sentir o vento em toda a sua magnitude, ver o mar, as casas e as pessoas que fiquei sabendo que existem. Não me lembro como fiquei sabendo delas.
Mas dizem que elas nunca terão asas. Porque nasceram com as asas dentro de suas cabeças e de seu coração. Dizem também que elas podem sonhar, imaginar e até realizar.
Nasci como um pássaro, mas as vezes desconfio que as asas estão como dessas pessoas, dentro de mim, precisando apender a voar. Enquanto isso, fico a esperar.
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